O Manifesto do Culto ao Feito

IniciaGP por Dani Gomes
4 min readApr 3, 2021

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Fonte: imagem traduzida por Sara Gomes a partir do original de Joshua Rothhaus

Recentemente, pesquisando sobre mentalidade ágil, encontrei esse texto do Bre Pettis, sobre o Manifesto do Culto ao Feito. Achei muito interessante e decidi traduzi-lo para o português (claro, que com autorização do autor), pois acredito que mais brasileiros precisam conhecer essa abordagem.

Abaixo, a tradução na íntegra:

O Manifesto do Culto ao Feito é um documento especial. Escrito da cama com Kio Stark nos primeiros meses de namoro com Bre Pettis. Foi um daqueles momentos mágicos de escrita em que ele tinha o laptop aberto e as ideias fluíam para a página. Para ele, é um mapa do seu coração em 2009. Colocar no papel foi uma documentação catártica da sua vida, alma e paixão pela criatividade desenfreada. Kio e Bre compartilharam os créditos por escrever sobre esse manifesto, licenciaram Creative Commons e o colocaram no mercado. Imediatamente, algumas pessoas fizeram representações visuais do manifesto e ele se espalhou como um incêndio entre as pessoas que precisavam de um impulso criativo.

O Manifesto do Culto ao Feito marca uma virada crítica na vida de Bre. Há alguns anos, ele fazia um vídeo por semana sobre como fazer coisas e, quando escreveu sobre o manifesto, passou a fazer um vídeo por dia. Ele estava na zona da criatividade. A MakerBot estava apenas na infância e ele não sabia, mas estava no processo de mudança, de fazer um projeto diferente a cada semana para fazer um projeto pelos próximos 6,5 anos.

Abaixo, a postagem original sobre o Manifesto do Culto ao Feito.

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Caros membros do Culto ao Feito,

Apresento a vocês um Manifesto do Feito. Ele foi escrito em colaboração com Kio Stark em 20 minutos porque tinham apenas 20 minutos para concluí-lo.

O Manifesto do Culto ao Feito

  • Existem três estados de ser. Não saber, ação e conclusão.
  • Aceite que tudo é um rascunho. Isso ajuda a concluir.
  • Não há fase de edição.
  • Fingir que você sabe o que está fazendo é quase o mesmo que saber o que está fazendo, então aceite que você sabe o que está fazendo, mesmo que não saiba, e faça-o.
  • Elimine a procrastinação. Se você esperar mais de uma semana para concluir uma ideia, abandone-a.
  • O objetivo de ser feito não é terminar, mas concluir outras coisas.
  • Assim que terminar, você pode jogá-lo fora.
  • Ria da perfeição. É chato e impede você de concluir.
  • Pessoas que não sujam as mãos estão erradas. Fazer algo te torna certo.
  • O fracasso conta como feito. Assim como os erros.
  • A destruição é uma variante do feito.
  • Se você tem uma ideia e a publica na internet, isso conta como um fantasma do feito.
  • Feito é o motor do “mais”.

E como isso se relaciona com a agilidade? Trazendo um pouco para a minha especialidade mais recente, que é o método Kanban, o manifesto reflete uma das premissas do método: “pare de começar e comece a terminar” e, passando por cada um dos princípios do Manifesto do Culto ao Feito, temos:

  • Existem três estados de ser. Não saber, ação e conclusão: Não é sobre ter muitas coisas no backlog, mas sobre ter as coisas certas e que poderão ser executadas e finalizadas.
  • Aceite que tudo é um rascunho. Isso ajuda a concluir: Não é sobre saber todas as respostas a todas as perguntas, mas aceitar que em alguns momentos é preciso testar qual é a resposta mais adequada ao momento e contexto.
  • Não há fase de edição: Não é sobre “editar”, mas sobre agir e ter o trabalho feito.
  • Fingir que você sabe o que está fazendo é quase o mesmo que saber o que está fazendo, então aceite que você sabe o que está fazendo, mesmo que não saiba, e faça-o: Não é sobre ser o “dono da verdade”, mas sobre “dar a cara pra bater”, ter coragem e correr riscos.
  • Elimine a procrastinação. Se você esperar mais de uma semana para concluir uma ideia, abandone-a: Não é sobre começar várias coisas, mas sobre conclui-las.
  • O objetivo de ser feito não é terminar, mas concluir outras coisas: Não é sobre terminar só para dar “check” ou aumentar o throughput do time, mas sobre concluir coisas que geram valor.
  • Assim que terminar, você pode jogá-lo fora: Não é sobre fazer entregas perfeitas, mas aceitar que algumas entregas podem simplesmente não ser úteis.
  • Ria da perfeição. É chato e impede você de concluir: Não é sobre fazer perfeito de primeira, mas sobre fazer alguma coisa (mesmo que precise ser melhorada ou evoluída depois).
  • Pessoas que não sujam as mãos estão erradas. Fazer algo te torna certo: Não é sobre esperar que os outros façam o trabalho, mas sobre colocar a mão na massa e trabalhar junto com o time.
  • O fracasso conta como feito. Assim como os erros: Não é sobre acertar sempre, mas aceitar que falhas acontecem e geram aprendizados.
  • A destruição é uma variante do feito: Não é sobre construir apenas, mas saber e aceitar que destruir pode ser um pré-requisito para depois construir.
  • Se você tem uma ideia e a publica na internet, isso conta como um fantasma do feito: Não é sobre ter ótimas ideias e guarda-las na gaveta, mas sobre ter ideias e compartilhá-las com outras pessoas (construir inteligência coletiva).
  • Feito é o motor do “mais”: Não é sobre apenas “fazer” ou “concluir”, mas sobre ter o ato do fazer e concluir como um impulso para fazer mais e fazer melhor.

E você, já tinha ouvido falar do Manifesto do Culto ao Feito? Qual é a sua percepção sobre?

[Bre Pettis é um empresário americano, blogueiro em vídeo e artista criativo, sendo mais conhecido como co-fundador e ex-CEO da MakerBot Industries e co-escritor do Manifesto do Culto ao Feito.]

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Blog sobre carreira em gestão de projetos e agilidade para quem ainda está começando nessa jornada.

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