Novidades no Guia Scrum 2020
Embora eu tenha me certificado Scrum Master (em uma época que eu pouco conhecia sobre agilidade e acreditava que o único caminho era o Scrum), não sou uma mega fã do framework. Na minha experiência prática, não tive o prazer de vê-lo funcionar e, talvez por isso, eu nutra certa “aversão” ao seu uso. Ainda assim, não deixo de acompanhar as novidades, e como tal, não poderia deixar de fazer um post sobre as mudanças que aconteceram no Guia Scrum, em sua recém-lançada versão 2020.
Surpreendentemente (pelo menos para mim), foram corrigidos ou alterados pontos que, na prática, eu já vi dar muito ruim. A exemplo, temos o “time de desenvolvimento” dentro do time Scrum; demorou, mas os autores perceberam que isso gera uma divisão (time de desenvolvimento vs. time de negócios) desnecessária, criando um problema que não existiria se todos fossem “um único time”.
Nas próximas linhas vou trazer algumas mudanças que, na minha visão, foram as mais importantes nesta nova versão do Guia:
- Foco em produtos: tanto a linguagem quanto o foco não são mais em desenvolvimento de software, mas em desenvolvimento de produtos de uma forma mais ampla, muito em linha com o que as empresas de uma forma geral têm feito. Essa é uma mudança no Guia que reflete uma mudança do mercado como um todo.
- Pensamento lean: na versão 2020 o Guia retoma a importância do pensamento lean e em como ele ajuda a reduzir desperdícios e a focar no essencial. Essa mudança busca resgatar as origens do Scrum.
- Desenvolvedores (não só de software): conforme mencionado anteriormente, já não existe um “time de desenvolvimento”, mas um único time Scrum, que inclui Product Owner (PO), Scrum Master (SM) e os desenvolvedores. Neste caso, não são desenvolvedores de software apenas, mas as pessoas que estão no time e trabalham — independente da sua função — no desenvolvimento do produto e/ou das entregas do time. Aqui o nome não foi dos melhores, mas pelo menos tem o intuito de quebrar os silos que a versão anterior criou.
- Remoção das 3 perguntas da daily: o time Scrum tem mais liberdade para definir qual estrutura ou quais ferramentas querem usar para conduzir a daily, desde que foque no progresso rumo ao objetivo do Sprint e gere ações para o dia de trabalho. A nova versão do Guia ressalta também que a daily não é o único momento do dia em que o time se fala, os membros do time podem (e devem) se falar a qualquer momento do dia para ter discussões detalhadas sobre o trabalho em andamento (reuniões de trabalho).
- Inclusão do “porquê usar sprints”: alguns “seguidores” do Scrum acabam fazendo as cerimônias apenas por fazer, porque está no Guia. Trazer o “porquê” é importante e ajuda, inclusive, o SM a convencer o time da importância e do benefício deste formato de trabalho. Embora ainda esteja um pouco vaga, é uma primeira tentativa — e muito válida — de começar a questionar e entender os “porquês”.
- Compromissos atrelados aos artefatos: na nova versão, para cada artefato existe um compromisso atrelado. Isso é importante para que o time tenha a visão do impacto que seu trabalho gera e/ou qual é o objetivo a ser atingido com o trabalho realizado. Em poucas palavras, isso dá propósito ao trabalho do time.
- “O quê fazer”: o time Scrum define não só quem fará e como fará o trabalho, mas também o que será feito. A decisão de “o quê” fazer não fica mais centralizada no PO ou em alguém externo ao time, mas é responsabilidade do próprio time. Essa mudança está muito atrelada à mudança semântica refletida no Guia, de time “auto organizado” para time “auto gerenciado”.
Clique aqui para ver um comparativo completo entre a versão 2017 e a versão 2020 (em inglês).
E você, que mudanças vê como as mais importantes do Guia Scrum, versão 2020? Deixe nos comentários!
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