Introdução ao MAnGve: Uma Abordagem Ágil para Governança
Você já ouviu falar de governança ágil? Parece complicado, mas não precisa ser. Neste artigo, vou apresentar um resumo de um modelo chamado MAnGve, que é uma abordagem criada para tornar a governança mais ágil, prática e adaptável, especialmente em contextos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) . Se você é um iniciante no mundo da gestão de projetos e agilidade e está curioso sobre como unir governança e agilidade, continue lendo — vou explicar tudo de uma forma simples.
O MAnGve é um framework ágil que usa ciclos curtos, chamados de “marés”, para ajudar as organizações a gerenciar iniciativas de governança. O objetivo é entregar valor ao negócio de maneira mais rápida, barata e eficiente. Imagine que cada “maré” é como uma pequena etapa de uma iniciativa, onde refletimos sobre o que foi feito, ajustamos, e então seguimos para a próxima fase, sempre tentando melhorar.
Por que o MAnGve é importante?
O nome MAnGve vem de “Modelo Ágil no Apoio à Governança em TIC” e também faz uma referência ao manguezal, um ecossistema típico do Brasil, particularmente do Recife (PE), onde o autor do modelo, , professor Alexandre Luna, está inserido. A ideia do MAnGve é muito interessante: assim como esse ecossistema é adaptável e resistente, o modelo de governança proposto também precisa ser flexível e se ajustar às mudanças constantes do ambiente organizacional.
A premissa fundamental do MAnGve é que a governança não deve ser vista como um conjunto de regras burocráticas e inflexíveis, pelo contrário, deve garantir qualidade e eficiência enquanto gera valor real para o negócio. Governança não é para complicar, mas para ajudar a empresa a se organizar e ser mais produtiva de forma sustentável.
Valores do MAnGve
Para que a governança ágil funcione de verdade, é necessário que certos valores sejam vivenciados na prática. Estes valores são a base para o sucesso do MAnGve e incluem confiança, cooperação, compromisso, transparência, honestidade, auto-organização, comunicação e simplicidade, que garantem que o time trabalhe de maneira colaborativa, remando na mesma direção e entendendo claramente os objetivos a serem alcançados.
Pense na confiança, por exemplo. Para que um time funcione bem, as pessoas precisam confiar umas nas outras — sem confiança, a comunicação falha e os resultados são comprometidos. No contexto do MAnGve, a confiança também é a base para a auto-organização, um princípio fundamental em abordagens ágeis, onde os times são encorajados a encontrar as melhores maneiras de realizar suas tarefas.
Papéis no MAnGve
Assim como no Scrum, o MAnGve define alguns papéis para facilitar a governança ágil:
- MAnGveMaster: Esse é o líder adaptativo, que promove um ambiente colaborativo e ajuda o time a se auto-organizar. Ele age como facilitador e incentivador, equilibrando a liberdade do time com a necessidade de manter a ordem.
- MAnGveTeam: São os membros que realizam as atividades do projeto, como implementação, testes e entrega. Eles têm autonomia para se organizarem e garantirem que os objetivos sejam cumpridos.
- Partes interessadas: Representam o negócio e estão diretamente envolvidos nos resultados do projeto. Eles fornecem feedback para garantir que tudo esteja alinhado com as necessidades da empresa.
- MAnGveStaff: São especialistas do negócio que colaboram com o time, ajudando a definir prioridades e validar entregas para garantir que o valor seja realmente entregue.
Bases teóricas do MAnGve
Como boa recém acadêmica (mestranda) que sou, não poderia deixar de mencionar onde o autor se inspirou para construir o MAnGve. Essa abordagem se apoia em várias teorias e metodologias para criar uma estrutura de governança ágil. Vamos falar sobre algumas delas de maneira simples:
- Abordagens ágeis como XP e Scrum: O MAnGve se inspira em princípios e práticas do XP (eXtreme Programming) e Scrum, que focam na entrega contínua de valor em ciclos curtos. A ideia é adaptar rapidamente conforme o feedback do cliente, mantendo o time flexível e ágil.
- Ciclo PEVA (Planejamento, Execução, Verificação, Avaliação): Este ciclo é uma adaptação do famoso PDCA (Plan, Do, Check, Act), amplamente usado para garantir a melhoria contínua. No MAnGve, ele serve para assegurar que cada entrega esteja alinhada aos objetivos estratégicos da organização.
- Modelos de governança “tradicionais”, como COBIT e ITIL: Além das metodologias ágeis, o MAnGve incorpora frameworks tradicionais como COBIT e ITIL, que fornecem diretrizes para gerenciar processos de tecnologia. Isso ajuda a combinar a disciplina e rigor dos métodos tradicionais com a flexibilidade das abordagens ágeis.
Princípios para condução adaptativa da governança
Uma governança realmente ágil precisa ser adaptativa, ou seja, precisa se ajustar às mudanças e incertezas do ambiente. Alguns dos princípios fundamentais do MAnGve são:
- Lidar com a mudança: A mudança é inevitável, e a governança deve estar preparada para isso.
- Auto-organização: Os times devem ter autonomia para tomar decisões e se organizar de acordo com os desafios.
- Liderança inspiradora: Líderes no contexto ágil devem motivar e inspirar seus times, promovendo um ambiente de colaboração e confiança.
Práticas chave do MAnGve
O MAnGve sugere 28 práticas, mas vamos destacar algumas que são particularmente importantes:
- Cartões de estórias: Inspirados pelas histórias de usuário do Scrum, esses cartões são usados para documentar as necessidades da governança de forma simples e clara.
- Iterações curtas (Marés): Assim como os sprints no Scrum, as marés são ciclos curtos de trabalho que permitem ajustes rápidos e feedback constante.
- Desenvolvimento orientado a testes: Inspirado no TDD (Test-Driven Development), essa prática garante que os requisitos sejam validados desde o início, aumentando a qualidade do que é entregue.
- Daily MAnGve Meeting: Adaptado da reunião diária do Scrum, esse encontro rápido ajuda o time a se manter sincronizada e identificar obstáculos.
Maturidade em governança
Um conceito importante no MAnGve é a maturidade em governança, que está relacionada ao desenvolvimento e capacidade da organização de implementar práticas eficazes de governança. Quanto maior a maturidade, mais integrada e eficiente a governança se torna. A maturidade é medida pelo grau de formalização dos processos, pela capacidade de medir e controlar o progresso, e pela integração dos objetivos de tecnologia com os objetivos do negócio.
O MAnGve propõe que a maturidade seja desenvolvida de forma incremental, crescendo conforme a organização evolui e se adapta ao seu contexto.
Processos do MAnGve
Os processos do MAnGve são classificados em três níveis principais:
- Nível estratégico: Aqui, o foco é no planejamento de governança e no alinhamento estratégico para garantir que todas as iniciativas estejam alinhadas com os objetivos de longo prazo da organização.
- Nível tático: Envolve a gestão de capacidades e recursos e as revisões periódicas dos resultados de cada iteração, garantindo que o time sempre busque melhorias.
- Nível operacional: No nível operacional, temos a execução das marés e o acompanhamento contínuo por meio de reuniões diárias, garantindo que o time mantenha o ritmo e o foco.
Conclusão: O que podemos aprender com o MAnGve?
Em resumo, o MAnGve é uma abordagem que une o melhor dos dois mundos: a flexibilidade das abordagens ágeis e a disciplina dos frameworks de governança tradicionais. Isso significa que é possível adaptar a governança para que ela não seja vista como um fardo burocrático, mas como uma ferramenta que contribui para o sucesso do negócio de forma prática e eficiente.
Muitas das práticas propostas pelo MAnGve já são conhecidas por quem trabalha com times ágeis, e adaptá-las para a governança é um passo natural, porém desafiador, para criar um modelo mais adaptável e produtivo. A principal lição é que não há uma “receita de bolo” para a governança; o segredo é entender o contexto em que a organização está inserida e adaptar as práticas conforme necessário.
Se você quiser saber mais sobre o MAnGve, visite o site https://www.mangve.org/, onde você encontrará mais informações sobre a abordagem, o manifesto de governança ágil, e materiais complementares.
E aí, gostou de conhecer o MAnGve? Já conhecia? Deixa nos comentários suas percepções e feedbacks!