A importância das técnicas e dinâmicas de facilitação para a evolução da maturidade dos times
Particularmente eu me considero uma pessoa cética, ou seja, eu costumo acreditar mais em dados e fatos do que em sensações, sentimentos ou mood — como as pessoas gostam de falar atualmente. E justamente por isso, em alguns momentos, algumas necessidades ou situações acabam passando despercebidas. O meu primeiro contato com técnicas de facilitação e, por consequência, com o Management 3.0, foi muito por conta dessa deficiência.
O contexto
Para trazer um pouco de contexto: já como agilista, estava eu, um dia, em uma retrospectiva com um dos times em que eu trabalhava, no qual praticamente todas as pessoas do time eram novas (novas na empresa e novas no time), isto é, não existia, ainda, confiança, colaboração ou qualquer outra característica ditas de times ágeis (sabe aquela base da pirâmide dos 5 desafios das equipes, do Patrick Lencione? Então, é isso, que não existia); e, neste time, tínhamos um problema bem específico, principalmente relacionado à fluxo — tínhamos poucas entregas que estavam no fluxo há semanas (usávamos método Kanban como abordagem de gestão de trabalho), mas não conseguíamos entregá-las: nesta época, fazíamos retrospectivas semanais e, semana após semana, falávamos sobre o mesmo problema, sendo que não chegávamos à nenhuma solução (na época, eu ainda estava no meu processo de transição entre gerente de projetos e agilista, então pensem como o comando-e-controle tomava conta nessas cadências); daí, nessa retrospectiva em específico, estava eu, tentando puxar o time, algo do tipo “galera, vamos lá, o que está acontecendo? o que vamos fazer? como é que eu posso ajudar?”, mas não chegávamos a lugar nenhum. Então, num desses momentos, em que o nosso ego é extremamente ferido, o PM do time virou pra mim e falou: “Dani, como você quer que falemos sobre problemas de forma aberta e colaborativa se mal nos conhecemos?”, foi o tapa na cara que eu, claramente, não esperava. Mas agradeço muito por tê-lo recebido. Eu costumo dizer que o ódio move tanto quanto o amor, nesse caso o ódio que eu tive me fez correr atrás de uma solução: comecei a buscar formas de construir a confiança no time, então comecei a estudar coaching, técnicas de facilitação, management 3.0 e comunicação não violenta e tudo o mais que pudesse me ajudar a ajudar aquele time e outros times dos quais eu fazia parte na época.
Primeiras percepções
Eu confesso que no começo, para mim, parecia um bando de práticas infantis para lidar com pessoas adultas e problemas de pessoas adultas, de uma forma pouco mais divertida (de novo a minha parte cética falando mais alto) e, no começo, eu me sentia ridícula aplicando as dinâmicas. No entanto, mesmo com esse sentimento, comecei a aplicar algumas dinâmicas com esse time: basicamente, nas retrospectivas semanais, com duração de 1h00, eu separava os primeiros 20 a 30 minutos para fazermos alguma dinâmica de construção de equipes (inicialmente, coisas tão simples quanto “comida favorita”, “situação inusitada”, “objeto que te representa”, etc. e depois fui evoluindo para Personal Maps, Moving Motivators, etc.).
Então o que me fez mudar de opinião?
Eu comecei a ver resultados. Comecei a perceber que, após fazer uma dinâmica, por mais simples que fosse, as pessoas ficavam mais abertas para discutir problemas e se comprometer com soluções. Vendo isso, passei a aplicar com outros times e fui percebendo que funcionava de forma similar. Eis que meu lado cético foi vencido (nada como resultados para mostrar o quanto estamos erradas!).
Técnicas de facilitação e a evolução dos times ágeis
Vendo os resultados pude perceber que as técnicas de facilitação e dinâmicas para construção de equipes são muito úteis, assim como diversas práticas do Management 3.0, especialmente quando o time ainda está no estágio de formação (o estágio de Formação da Escada de Tuckman), é neste estágio que as pessoas precisam se conhecer, construir um ambiente psicologicamente seguro e começar a confiar umas nas outras. Por isso, mesmo que você seja uma pessoa cética, como eu, precisa conhecer e reconhecer os benefícios de se utilizar deste tipo de prática. Se a fundação não for bem sedimentada, todo o restante será frágil e, ao primeiro sinal de problema, a chance de as pessoas procurarem culpados, ao invés de entender porquê o problema existe, na raiz, e trabalhar em conjunto para resolvê-lo, será muito grande.